O jornal de domingo,
atualmente de sábado:
mudança de costumes
Flávia
Freitas
A
|
pós
a publicação na Revista de Comunicação do texto “Jornais de domingo. Ou de sábado?”, do jornalista Gualter Mathias
Netto, abrimos uma discussão mais ampla do assunto abordado. O editorial
retrata a transferência do antigo calhamaço dos jornais de domingo, para
sábado, e traz à tona duas questões: a quebra de hábito da leitura aprofundada
do domingo e o consumo de notícias que Gualter chama de “velhas”, por não
precisarem de dia certo para ser publicadas. De acordo com o jornalista, a
mudança estaria acontecendo devido ao fato de que o sábado seria um dia
“escasso de acontecimentos”, o que justificaria a antecipação de matérias de
domingo que foram produzidas durante a semana.
Porém,
leitores assíduos mostram outras razões pelas quais essas transformações ocorrem.
Para Bruna Caldas, estudante de jornalismo da FACHA, a alteração das
publicações é ruim e não vê problema em ler “matérias frias”, ou “velhas”. “Acho
que encher o jornal de sábado não é bom, financeiramente falando. Todo mundo
sabe que é o de domingo que dá retorno. Creio que isso é uma tentativa de
aumentar o número de vendas no sábado. Quanto a ler matéria que já foi dada, eu
prefiro esperar por uma notícia bem apurada, aprofundada, do que pela notícia
quente que é suitada 500 vezes a cada
nova informação que surge” – enfatiza. Além disso, cita um dos assuntos em voga
na comunicação: a extinção do impresso. “Se você reparar, todo dia tem um
complemento nas publicações. É tentativa de atrair leitores” – relata.
Apesar
dos rumores sobre a vida do jornal, nada confirma que ele deixará de ser
querido pelos os que preferem “tocar a notícia”, já que para muitos a
informação por ele transmitida é mais confiável. É o que revela uma pesquisa realizada
pelo Ipsos-Marplan e divulgada pela Folha de São
Paulo.
A pesquisa mostra do ponto de vista qualitativo, que os jornais
são identificados com "profundidade", "confiabilidade" e
"detalhamento e abrangência de informações". Algo que não é
encontrado na internet. Outro dado sobre o hábito desse consumo evidencia que
67% fazem a leitura entre as 9h e as 13h, por 38 minutos, em média. Muitos
identificam o jornal com o café da manhã.
Por isso que para Beatriz Bernardino, Meteorologista e leitora de
impresso desde a infância, a mudança nos dias das publicações não agradou. “Para mim essa mudança não é muito boa, porque é no domingo que eu tenho
tempo de sentar para ler com calma. No sábado sempre tem coisa para fazer, no caso fazer feira, ir ao
supermercado... Domingo eu tomo café lendo o jornal.” Portanto, a dica é
esperar, pois apenas o sucesso, ou o fracasso, desse novo formato ditará se o
hábito nas manhãs dominicais prosseguirá ou não.