sábado, 14 de maio de 2011

Modernidade

O conceito de modernidade começa a ser definido no Renascimento e segue posteriormente com a industrialização no século XIX, onde houve o seu alargamento com a produção em massa. Acompanhando a produção em larga escala a comunicação passou a habitar a vida das pessoas a partir da inclusão de folhetins, notícia de jogos e crimes etc. Essas notícias eram voltadas para a classe operária e por isso tinham uma produção editorial baixa, até para diminuir o custo e deixar mais acessível para a “classe do leitor”.
Já no início do século XX, a comunicação de massa passa a abranger o meio cultural e com isso o indivíduo tem a ideia de participação da sociedade, que passará a ser reconhecida como massa. A participação se dá quanto ao processo de modernização, realizada pelo desenvolvimento econômico (com a concentração da indústria na produção de bem de massa), urbanização, burocratização e predomínio da racionalidade formal sobre a substancial. Ou seja, os indivíduos passam a realizar tarefas para galgar um posto que lhe dê bem-estar e não para o aprendizado, por exemplo. Jesus Martin-Barbero afirma que à medida que as técnicas eram mais racionais e as riquezas materiais mais abundantes, as relações sociais eram mais irracionais e a cultura do povo mais pobre. E com a racionalidade formal se perde cada vez mais os vínculos naturais, como os da família e da comunidade local.
Para Tocqueville, a sociedade de massa surge como “mediocridade coletiva”, pois sacrifica-se a liberdade individual pelo bem-estar de todos, como uma espécie de conformismo. Segundo o pensador, a divisão das classes era essencial, pois não geraria desordem social. A burguesia, que organizou a sociedade para ela, vê com desencanto a definição de massa, entrando assim em conflito com os socialistas.
A cultura de massa surge a partir da década de 30 capitaneada pela Publicidade, primeiramente nos Estados Unidos e posteriormente nas sociedades ocidentais. Então, as massas populares urbanas começam a entrar nos novos padrões de vida estipulados e logo a classe operária é introduzida nesse mercado de consumo.
A preços mais populares as mercadorias são apresentadas à classe mais baixa e dessa forma se dissemina as milhares de fábricas para a produção de mercadorias similares das que são oferecidas às classes abastadas. Com essa modernização, os indivíduos dispostos a fazer o mesmo trabalho repetidas vezes, perde a criatividade. O pouco tempo em família que eles têm é dirigido ao lazer, que é satisfeito pela TV aos fins de semana. Assim, cada vez mais o ser humano fica individualista e é daí que a Cultura de Massa se constitui através da Publicidade. Ela vai atender às necessidades individuais da sociedade e criar mitos de auto-realização por usar imagens que se aproximam do real, gerando a ideia de que a vida depende do que se está a venda. O homem passa a utilizar as “receitas do bem-estar”, gerada pela cultura de massa, para sua integração com a sociedade.
Todas as mudanças que o homem e a sociedade sofreram ao longo do tempo têm como principal consequência a perda de vínculos com o “mundo sagrado”, que até então se tinha desde a idade média. Somado a outros fatores, podemos chamar esse acontecimento de modernidade. Fatores esses que destacamos o avanço tecnológico, as mudanças sociais rápidas etc. A modernidade também sugere o hiperestímulo. Ou seja, o homem do século XX se vê fisicamente diferente no espaço urbano moderno. Ele é exposto à várias informações nas ruas, fato que para alguém do século XXI é muito comum. Hoje nós vivemos acostumados com outdoors, panfletos, sinais, barulhos e tudo o que a comunicação nos expõe para chamar nossa atenção. Essa estimulação sensorial da época foi marcada pelo surgimento do cinema, pelos primeiros bondes, carros e tudo o que tornava a vida mais rápida. Isso gerou um certo receio de alguns que citavam a modernidade como a morte, mas não foi suficiente para frear o impulso consumista e desenvolvedor. Nós, sociedade de massa, nos acostumamos com o choque físico por causa das vitrines, nos adaptamos às tecnologias e nos rendemos à vida caótica em prol da modernidade.

- Flávia Freitas Gomes
 
FONTES DE PESQUISA:
BARBERO, Jesús Martin. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. 5. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2008.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Rocord, 2000.
MORIN, Edgar. Cultura de Massa no século XX. vol 1 - Neurose. Ed. Forense Universitária, 1999.
SINGER, Ben. Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular in L. Charney & V.R. Schuartz. O cinema e a invenção da vida moderna. Ed. Cosac & Naify, 2004

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